um dia vamos dizer que fizemos uma viagem sem saber
cada dia que passa tenho mais a certeza que tenho estado a fazer as malas para outra viagem. sinto-o no nervoso míudinho, na ansiedade. parece que já comprei o bilhete, mas ainda não sei a hora da partida, em que asas vou voar, nem que me vai acolher, nem onde vou me vou reabastecer. tudo em volta dá grandes empurrões para esta viagem e talvez eu saiba a necessidade desta viagem, mas para já ainda não quero ter essa certeza. aguento-me à força dos empurrões.
podia encher esta, mais que quase viagem, de pérolas da escrita: metáforas, personificações, comparações, citações, redundâncias para a fazer crescer de inigmas e sugestões e interpretações. podia gramaticar num estilo moderno, à luz de uma crónica de uma revista de primeira tiragem mundial...mas nada deixaria de me fazer sentir, na primeira pessoa, essa tal viagem que tem dia marcado.
quando tiver a hora e o dia, se isso interessar e se eu me vier a aperceber, terei a certeza de que ela aconteceu e eu viajei.