o homem que chegou a marte, a amar-te nestas letras amarrotadas e na carta que obrigatoriamente esquecida na gaveta da memória traz sempre e ainda as mesmas acentuações...
o homem que tropeça nas mesmas palavras, repetidamente até fazer ou encontrar um banco de jardim vago para deixar o livro aberto...
o homem Pessoa, Cardoso Pires...apelidado, desconhecido como o soldado sem arma.
longa esta roda, que não roda...longa esta carta que deixo na tua mão mas que não é carta, que não tem mão.
longe que a ausência trás as saudades de um segredo que vos digo, de um segredo que dorme comigo...de uma resistência à fala, de uma hesitante cedência a um perfume estrangeiro, de uma mão por enlaçar um vestido...
que foi o tempo que deu ao sol o tempo para ser azul como as ondas do mar, para ser revolto e voltar a ser mil vezes maior na tua mão...
que na composição do futuro este tempo seja sem idade, mesmo que remendado seja sonhado, mesmo que derrobadas barreiras de betão ele tenha sido sonhado...