e é do corpo e da minha matéria, de uma rua sem saída de um caminho vezes a mais desafinado como a guitarra que está encostada a ti...que nascem as raízes de uma ainda árvore a cair, de umas folhas ainda verdes mas arrancadas à força de as apertarmos.
e é do corpo e da matéria, do filme salvação, da música salva-vidas, dos amigos de sempre.
e é pelo olhar, pelos olhos, pelas rugas deste..."enfim"...que te conheço os passos a seguir, que remendo os estilhaços de mais uma lágrima escondida ou invento um porta-chaves onde possa ter outra chave.
e eu não quero saber como foste capaz de perder a minha chave.
Era gente a correr pela música acima.
Uma onda uma festa. Palavras a saltar.
Eram carpas ou mãos. Um soluço uma rima.
Guitarras guitarras. Ou talvez mar.
E acontecia. No vento. Na chuva. Acontecia.
Na tua boca. No teu rosto. No teu corpo acontecia.
No teu ritmo nos teus ritos.
No teu sono nos teus gestos. (Liturgia liturgia)..
Nos teus gritos. Nos teus olhos quase aflitos.
E nos silêncios infinitos. Na tua noite e no teu dia.
No teu sol acontecia.
Era um sopro. Era um salmo. (Nostalgia nostalgia).
Todo o tempo num só tempo: andamento
de poesia. Era um susto. Ou sobressalto. E acontecia.
Na cidade lavada pela chuva. Em cada curva
acontecia. E em cada acaso. Como um pouco de água turva
na cidade agitada pelo vento.
Natal Natal (diziam). E acontecia.
Como se fosse na palavra a rosa brava
acontecia. E era Dezembro que floria.
Era um vulcão. E no teu corpo a flor e a lava.
E era na lava a rosa e a palavra.
Todo o tempo num só tempo: nascimento de poesia.
és mais do que um motor de busca nesse rio que arrebenta em marés de sonhos...e estes anos passaram a correr, pelos que estão perto...longe...a meio caminho...
falas às vezes demais, recuas vezes a mais...foste incapaz de chorar e de rir...tens a mania que és a artista, tens a mania que és a maior.